Foto: Filipe Felício
Atividades começaram logo pela manhã com acolhida, seguida por coletiva de imprensa, missa, caminhada e ato das famílias
Por Clarissa GuimarãesLara Alves
No dia 25 de janeiro de 2019, exatamente às 12 horas, 28 minutos e 24 segundos, o rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, região Central de Minas, matou 270 pessoas. Muito além dos números, esses dados são sobre pessoas que saíram de casa e nunca mais voltaram para o ambiente familiar. Hoje, 25 de janeiro de 2023, 4 anos depois do desastre, a cidade teve extensa programação para homenagear as vítimas e pedir justiça. Três corpos ainda não foram encontrados.
As atividades começaram nas primeiras horas da manhã, às 7h, com uma acolhida na igreja Matriz de São Sebastião. Em seguida, houve uma coletiva de imprensa e visita ao stand do Projeto Juntos por Brumadinho. Logo depois, às 9h, fiéis, romeiros e familiares participaram de missa precedida de uma caminhada saindo da Matriz até a chegada do Letreiro, na entrada da cidade, fechando com um ato das famílias que soltaram balões nas cores branca e vermelho.
Com o rompimento, foram despejados aproximadamente 12 milhões de m³ de rejeitos da mineradora Vale, com 26 municípios atingidos, em um dos maiores e mais trágicos desastres ambientais do Brasil.
Três famílias ainda esperam pela oportunidade de se despedir. Militares do Corpo de Bombeiros mantêm buscas diárias pelos desaparecidos.
Justiça
Um dia antes da tragédia completar quatro anos, a Justiça Federal acatou a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) e tornou réus 16 funcionários ligados à Vale e à empresa de consultoria alemã Tüv Süd – que atestou a segurança da barragem B1 da mina do Córrego do Feijão meses antes do rompimento. Eles serão julgados pelos crimes de homicídio qualificado de cada uma das 270 pessoas assassinadas no dia da catástrofe e por três crimes ambientais – poluição e contra a fauna e a flora.
O inquérito do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), acolhido pelo MPF e usado na denúncia, foi taxativo após a conclusão das investigações: a Vale sabia da iminente ruptura da estrutura na mina em Brumadinho e optou por colocar em risco as centenas de pessoas que trafegavam ali diariamente, calculando o preço da tragédia. Documento interno da multinacional obtido pela força-tarefa indicou que a produtora de minério de ferro precificou a catástrofe: um eventual rompimento provocaria mais de cem mortes e custaria cerca de US$ 1,5 bilhão à empresa. O valor é ínfimo perto do lucro recorde de R$ 121 bilhões obtido pela Vale em 2021 – ano em que a mineradora selou acordo com o Estado de Minas Gerais para pagar R$ 37,68 bilhões em ações de reparação. Neste ínterim de quatro anos, a empresa informa ter feito 5.414 acordos de indenizações individuais; as compensações trabalhistas são 1.478 – os dados estão disponíveis no site da Vale.